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Berlim, Olinda e macrocosmo

19/10/2009
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Como sempre, uma semana repleta de notícias banais entre aquelas tidas como “sérias”. O resumo da ópera é que todo mundo parece agir como se cumprisse um script, NUNCA por vontade própria. Seja por uma necessidade de inserção social, seja por vaidade, seja por total dependência de atenção.

Que tal se ao mudássemos a abreviação OBM, por um sonoro “AFF”? Assim mesmo, em negrito, caixa alta, itálico e grifado… Merece toda a nossa ênfase!

Por fim, veja os carros alegóricos de bonecos gigantes em comemoração ao 20º aniversario da queda do muro de Berlim. Inspirado neles, com vocês, o nosso bonecão do OBM:

fantoche-OBM-tm

Vaidade viral

15/10/2009
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PromovaOBM

O Orkut criou uma nova ferramenta chamada Orkut Promova. Veja o vídeo explicativo, aqui.

“A função divulga as promoções de amigos e de produtos. Os usuários conseguem promover, recomendar ou deletar um anúncio no sistema. Quanto mais anúncios forem compartilhados, maior o alcance.”

Blog Pense www

A idéia não é nova, aliás, todos os sites de relacionamento partem do princípio da promoção pessoal. Quanto maior a possibilidade de se expandir, maior o interesse do usuário. Veja, por exemplo, o sucesso do “What are you doing?” do Twitter, que por essência, é pura e simplesmente baseado na divulgação da própria imagem (pensamentos, sentimentos, gostos) dos seus usuários.

Sem nos esquecermos da vedete da divulgação pessoal, o YouTube,  que possibilita a qualquer um a divulgação de qualquer vídeo caseiro na rede, leia-se mundo. É tão grande seu sucesso que o site foi vendido ao Google por mais de UM BILHÃO de dólares. E tudo isso sem dar lucro algum, ainda…Só mesmo com idéias, frames… e acessos! (Veja aqui)

A democratização publicitária deve estar causando um certo frisson nas agências de comunicação estilo Mad Man que tradicionalmente estudam o perfil do cliente, criam uma campanha a partir do que uma pessoa extremamente inteligente pensa sobre o produto e pagam caro para veicular a idéia nos meios de comunicação em massa. Têm todo esse trabalho e basta alguém produzir um video caseiro no YouTube pra promover um carro gratuitamente !  YouTube para promover  e ganhar um carro gratuitamente.

A lógica desse novo paradigma é simples e rápida, uma vez que a resposta dos conectados é imediata e com alto potencial viral. Com a eliminação dos intermediários, o que cai no gosto popular se espalha como um vírus nas inúmeras ferramentas existentes. Daí o interesse das grandes empresas nos anúncios pessoais e em atrair mais e mais pessoas para suas redes sociais, mesmo sem saber direito como se utilizar disso lucrativamente.

Talvez estejam se aproveitando da “solidão em massa” em que vivemos, como bem coloca Ronaldo Bressani na revista Vida Simples:

“Por que necessitamos mais da aprovação, do amor, da admiração e(até) da inveja dos outros?”

Revista Vida Simples, A Era tô me achando, out.2009

E eu pergunto: Por que temos essa necessidade incontrolável de mostrar aos outros como nossa vida é lindamente perfeita, como vamos a lugares legais e como temos amigos geniais?

Honestamente, não sei. Só sei que no início, era só um e-mail. Depois veio o Orkut e quando menos esperava estava no Facebook, garimpando amigos. Quando me acostumei com o Facebook, fiz um Twitter e aprendi a seguir quem eu nem conheço, com total desapego de causa. Hoje, além disso tudo, escrevo em três blogs, tenho sabe-se Deus quantas contas de e-mail e acabo de receber um convite para o Google Wave.

Será carência? Falta de contato humano? E se for, estaremos procurando no lugar certo?

Fafadonna realiza seu desejo!

14/10/2009

fafadonna-OBM-tm

A notícia:

Jesus Luz tem seu primeiro grande desafio como DJ no Brasil

Maitê de saia justa

14/10/2009

maite

Maitê Proença está em uma saia justíssima com os lusitanos. Tudo porque uma “gravação, que foi ao ar em 2007 no programa ‘Saia Justa’, do GNT, mostra Maitê fazendo piadas durante a visita ao país. Entre outras coisas, ela brinca com uma placa pendurada ao contrário em frente a uma casa e sobre problemas que enfrentou no hotel em que estava hospedada”. (Folha Online, 13/10/2009)

As declarações “polêmicas” da  atriz/apresentadora/escritora no vídeo incluem uma brincadeira com um número invertido em uma porta, a qualidade do serviço do hotel em que ficou hospedada, e a “esquisitice” portugueses. Leia sobre na Folha Online.

A justificativa e um certo mea culpa está em uma declaração dada à Revista da TV da jornalista Patrícia Kogut:

“Só quem não vê o “Saia justa” poderia levar isso a sério. No programa, a gente ironiza até o presidente Lula. E isso que eu falei dos portugueses, a gente fala dos paulistas, que são estressados porque trabalham demais, ou do jeito devagar do baiano… E eu me considero uma portuguesa, porque meu avô, Augusto Galo, era português, era inclusive patrono do Clube Ginástico, tem até uma estátua em homenagem a ele lá na entrada do clube – diz Maitê. – Eu já fui a Portugal umas 20 vezes. Alguém realmente acha que eu não gosto de Portugal? Agora realmente se eu ofendi algum português com isso, peço desculpas. Mas acho que está faltando humor nas pessoas”.

… em seu Twitter:

RT @fazendoamaite que chato o pessoal que não sabe lidar bem com o humor. já dizia um grande guru oriental: “a verdadeira sabedoria está em saber rir de si”about 20 hours ago

… através de um vídeo veiculado no Youtube,  e ainda através de uma nota oficial do canal GNT que diz:

“A direção do canal GNT, no Brasil, afirma que não houve qualquer intenção em ofender os portugueses e Portugal ao exibir o vídeo no ‘Saia Justa’, em março de 2007.

O canal sempre primou por um tratamento respeitoso com os portugueses. Durante quase dez anos, o GNT Portugal exibiu uma programação pautada pela valorização da cultura lusitana promovendo uma forte interação entre os dois países. O “Marília Gabriela Entrevista” já gravou programas especiais com ilustres personalidades, em Lisboa, e os debatedores do ‘Manhattan Connection’ fazem questão de inserir opiniões e comentários dos assinantes portugueses na mesa de discussão.

O GNT lamenta a repercussão negativa do quadro ‘Saia de Vídeo’ e pede desculpas aos cidadãos que se sentiram atingidos.”

O fato é que a mídia portuguesa subiu o tom. Veja aqui, aquiaqui, aqui e aqui alguns exemplos de como a história vem sendo tratada.  Como bem observa o jornalista Clóvis Rossi, em sua coluna Janela para o Mundo,

“Não creio que Portugal e Brasil caminhem para o rompimento diplomático por causa disso, mas esse tipo de episódio é revelador, no micro-detalhe, do oceano de incompreensão que existe entre as duas partes.

O português em geral é extremamente sensível ao menosprezo que percebem nos brasileiros, correta ou incorretamente. E são extremamente preconceituosos em relação às brasileiras em especial. Nunca esqueci uma vez em que, ao fazer uma reportagem sobre os brasileiros radicados em Portugal, uma das entrevistadas me disse que apresentar-se como brasileira (o que, de resto, é inevitável pela diferença de sotaque) e ser tratada como prostituta é quase automático”.

Maitê, como boa brasileira que é, não deve, portanto, ficar ofendida com as ofensas disparadas contra sua moral e índole. É recorrente.


Stefhany: Bossa-nova 2009

13/10/2009

stefhany

Está lá para todo mundo ver! É só acessar hoje o portal R7 e ver entre as 5 principais noticias do dia em destaque: “Fora em paquera faz  Stefhany ser absoluta” com direito a foto ilustrativa e tudo!

Embora meu foco aqui no OBM tenha sido falar dos fatos e notícias a respeito de política, por vezes fiz algumas alusões a nossa música popular brasileira em meus textos. Já citei Jobim, Chico, Caymmi. Agora me pego falando de Stefhany.

Mas afinal de contas, quem é essa Stefhany? Eu também não sabia, mas depois que vi a cara dela estampada no R7 fiz uma pesquisa rápida e descobri que muita gente já sabe quem ela é. Não vou negar meu espanto, e já deixo claro, para os que por ventura não conseguirem ler as entrelinhas, que escrevo meramente em tom de protesto.

Será mesmo essa a cara da bossa-nova brasileira de 2009? Todos concordam com isso? Stefhany fala, com a propriedade de quem teve mais de 340 mil acessos a um de seus vídeos no youtube, que só faz o que o povo pede.

Dei um pulo no Michaelis on-line para trazer algo que me pareceu muito apropriado para o texto, o significado para bossa-nova, é de causar arrepios:

“Neologismo que qualifica tendências renovadoras da nossa música popular e, com sentido irônico, dos costumes sociais.”

Esse conceito é o que mais me espanta. A onda renovadora de Stefhany, por mais esdrúxula que possa parecer, e de fato é, parece mesmo ser o novo gosto das massas. Ela já ganhou destaque no Domingo Legal do SBT, no Caldeirão do Huck da Globo, no programa da Hebe, da Adriana Galisteu, só para citar alguns. Até a Veja já dedicou suas páginas a ela.  E, o pior de tudo, foi indicada ao premio web hit do ano no VMB da  MTV.

Tem blog, twitter, site oficial e alguns milhares de fãs pelo Brasil. Quando questionada em entrevista ao R7 a respeito de suas referências musicais, Stefhany é categórica e absoluta:

Na verdade, não tenho nenhuma. Tenho meus ídolos como Amado Batista e Roberto Carlos. Mas não inspiro o meu trabalho no deles.

Bom, pelo menos ninguém vai precisar carregar nas costas tamanha culpa!!!

…e eu que achava que jamais veria algo mais cômico e tosco que a Joelma da Banda Calipso. Ok, eu estava enganado.

This is my man!

09/10/2009

Figura1

Ainda que Thorbjoern Jagland, chefe do Comitê do Nobel ache que não se acorda um presidente de madrugada, como destacou O globo, Obama precisou levantar mais cedo hoje. O anuncio do seu nome como Nobel da Paz saiu logo às 5h da manhã, horário de Washington. Mas toda a Casa Branca parece ter sido pega de surpresa.

Nas manchetes pelo mundo, o básico. Apenas algumas pequenas variações de pontuação e, claro, de idioma. Mas nos frigir dos ovos ficou:

“Obama ganha Nobel da Paz”

Embora a imprensa internacional tenha repetido mudo afora a falta de criatividade nas manchetes, os posicionamentos desses mesmos veículos estão longe de um discurso em uníssono.

O La Nación, da argentina, destacou que houve um número recorde de concorrentes (205) para o Nobel da Paz, e o espanhol El País, destacou que Obama continua fazendo historio depois de ser o primeiro negro a chegar a Casa Branca.

O Daily Nation, do país do pai de Obama, Quênia, trouxe as saudações do presidente do país ao colega norte americano em discurso saudosista.

O francês Lê Monde pontuou que Obama passa agora a fazer parte do seleto grupo de presidentes que ganharam o prêmio durante o exercício do mandato.

A revista alemã Der Spiegel, foi mais dura, e alertou

“é mais uma carga do que uma honra”

O The New York Times, aproveitou para lembrar que:

“Enquanto Obama tem gerado considerável esperança mundo afora, muitos dos seus esforços políticos ainda têm de dar frutos”

O site da TV árabe Al Jazeera  trouxe críticas feitas por militantes do Taleban:

“(Obama) não deu um único passo rumo à paz no Afeganistão”.

Do lado de cá, agora no início da tarde, o Correio Brasilienze publicou as palavras de Lula sobre o prêmio:

“O prêmio está em ótimas mãos”

Nosso presidente disse ainda que vai telefonar para Obama hoje a noite. Deve achar a ocasião propícia para devolver-lhe o “This is my man” recebido dia desses. Resta saber se Lula vai conseguir pronunciar isso tudo!

O comitê justificou a premiação pelos “esforços extraordinários” do democrata “para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”.

Terra de ninguém?

08/10/2009
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, condenou a empresa Google Brasil a uma indenização (link – http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia.aspx?cod=94636) por manter uma comunidade em seu site de relacionamento, o Orkut, ofensiva à imagem da autora da ação. O magistrado Marco Aurélio Fróes, da 9ª Câmara Cível do TJ/RJ considerou que:
“…a ré agiu de forma culposa por manifesta desídia em não suprimir da internet as ofensas proferidas contra a autora quando foi procurada para que a comunidade fosse excluída. ‘Tanto isso é verdade que apenas após a decisão judicial a comunidade que difamava a autora foi retirada da internet’”
Apesar da internet ter sido considerada pela Presidência da República como território de livre expressão nas motivações do veto à nova Lei Eleitoral (12.034/2009 – link http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?data=30/09/2009&jornal=1&pagina=4&totalArquivos=256) não podemos nos esquecer de que a liberdade sempre encontra embates no que se refere à dignidade do outro. A internet não pode ser usada para lesar, seja quem for. Não podemos nos esquecer de que ela é uma ferramenta. E a facilidade de manifestar o pensamento praticamente sem intermediários não isenta o usuário da responsabilidade pelos seus atos. Existe sempre alguém entre o teclado e a cadeira tomando decisões e apertando o “enter”.
Recentemente, o blog Resenha6 (http://resenhaem6.blogspot.com/search/label/1%20-%20Estatuto), foi obrigado por uma ordem judicial a retirar do ar um post ofensivo à imagem de um bar, ao qual duramente criticou. O caso rendeu manifestações anti-censura em toda a blogsfera, que se uniu em prol do ofensor (link- http://uhugalera.blogspot.com/2009/09/comigo-nao-violao.html, link – http://www.visaopanoramica.com/2009/09/29/censura-resenhas-boteco-so-bento-e-a-estupidez-humana/).
Não me parece que o que houve foi censura. A censura é uma proibição descabida e desarrazoada da liberdade de expressão. Não é o caso.
Estar em um regime democrático não implica em não sermos responsabilizados pelo que fazemos ou escrevemos. Implica em sabermos ponderar os bens e valores importantes àquele grupo de pessoas, naquele período de tempo, e em utilizarmos a liberdade dentro dos ditames da ordem social vigente. Caso optemos por não faze-lo, devemos responder pelas conseqüências pré-estabelecidas.
O controle da informação deve ser feito como o é em qualquer outro meio de comunicação em massa.
A internet é totalmente diferente de tudo o que já tivemos em termos de espaço para debates de idéias e proliferação de opiniões e deve também estar incluída na democracia. Aqui, todas as vozes podem ser ouvidas igualmente, mas NÃO é uma terra sem leis, onde vigore a anarquia total. As pessoas que a utilizam fazem parte da sociedade e devem respeitar suas regras.
O que devemos procurar é o equilíbrio. Exaltando a liberdade de expressão, estamos muitas vezes retirando a força de outros valores, também protegidos, e certamente muito importantes, como a igualdade, a proibição à lesividade, o direito de resposta.
Acredito na liberdade, mas ela deve ser usada com responsabilidade. Ou devemos sim, responder pelas conseqüências.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, condenou a empresa Google Brasil a uma indenização por manter uma comunidade em seu site de relacionamento, o Orkut, ofensiva à imagem da autora da ação. O magistrado Marco Aurélio Fróes, da 9ª Câmara Cível do TJ/RJ considerou que:

“…a ré agiu de forma culposa por manifesta desídia em não suprimir da internet as ofensas proferidas contra a autora quando foi procurada para que a comunidade fosse excluída. ‘Tanto isso é verdade que apenas após a decisão judicial a comunidade que difamava a autora foi retirada da internet’”

Apesar da internet ter sido considerada pela Presidência da República como território de livre expressão nas motivações do veto à nova Lei Eleitoral (12.034/2009) não podemos nos esquecer de que a liberdade sempre encontra embates no que se refere à dignidade do outro. A internet não pode ser usada para lesar, seja quem for. Não podemos nos esquecer de que ela é uma ferramenta. E a facilidade de manifestar o pensamento praticamente sem intermediários não isenta o usuário da responsabilidade pelos seus atos. Existe sempre alguém entre o teclado e a cadeira tomando decisões e apertando o “enter”.

Recentemente, o blog Resenha6 foi obrigado por uma ordem judicial a retirar do ar um post ofensivo à imagem de um bar, ao qual duramente criticou. O caso rendeu manifestações anti-censura em toda a blogsfera, que se uniu em prol do ofensor (leia aqui também).

Não me parece que o que houve foi censura. A censura é uma proibição descabida e desarrazoada da liberdade de expressão. Não é o caso. Estar em um regime democrático não implica em não sermos responsabilizados pelo que fazemos ou escrevemos. Implica em sabermos ponderar os bens e valores importantes àquele grupo de pessoas, naquele período de tempo, e em utilizarmos a liberdade dentro dos ditames da ordem social vigente. Caso optemos por não fazê-lo, devemos responder pelas consequências pré-estabelecidas.

O controle da informação deve ser feito como o é em qualquer outro meio de comunicação em massa. A internet é totalmente diferente de tudo o que já tivemos em termos de espaço para debates de idéias e proliferação de opiniões e deve também estar incluída na democracia. Aqui, todas as vozes podem ser ouvidas igualmente, mas NÃO é uma terra sem leis, onde vigora a anarquia total. As pessoas que a utilizam fazem parte da sociedade e devem respeitar suas regras.

O que devemos procurar é o equilíbrio. Exaltando a liberdade de expressão, estamos muitas vezes retirando a força de outros valores, também protegidos, e certamente muito importantes, como a igualdade, a proibição à lesividade, o direito de resposta.

Acredito na liberdade, mas ela deve ser usada com responsabilidade. Ou devemos sim, responder pelas conseqüências.

Errar já foi humano

08/10/2009
Já tinha desistido do assunto, mas em uma rápida reunião de pauta com o Ricardo Campos agora há pouco ficou decidido sim que valia a pena trazer ao OBM o caso do erro de William Bonner – que escreveu no Twitter a palavra ia com acento agudo no i –  e correção da ex-BBB Milena Fagundes:
RT @milena_fagundes Ô, coisa linda, não faz uma coisa dessa, escrever ia com acento!
De modo geral a imprensa destacou o assunto – foi capa do jornal Folha Online, por exemplo – de forma extremamente precoceituosa, como se fosse o maior dos absurdos o editor-chefe e apresentador do principal telejornal do país errar, e mais, ser corrigido por alguém que participou de um reality show famoso por revelar beldades aspirantes à fama.
A Folha Online resumiu nas entrelinhas, com sarcasmo e menosprezo, a vida profissional de Millena como se fosse relevante ou acrescentasse algo à notícia: “Antes de entrar na edição deste ano do reality show, Milena era assessora de imprensa. Hoje, em sua biografia no Twitter, ela se define como publicitária, DJ, promotora de eventos e empresária”.
O récem lançado portal R7 foi pelo mesmo caminho trazendo logo abaixo da manchete “Antes do reality, Milena era assessora de imprensa e hoje se define como publicitária”. O portal “Famosidades” que gera conteúdo para o MSN entretenimento subiu ainda mais o tom “Ninguém menos do que Milena Fagundes, ex-participante do “Big Brother Brasil”, chamou atenção do jornalista para um erro de acentuação ele que cometeu na sua página no microblog”. No Eband, “Por essa William Bonner não espera”… como assim? O erro foi proposital e de repente ser corrigido or alguém que tenha saído de um reality show – ou quem quer que seja – é um grande absurdo?
Na mesma corrente e refletindo a tendência dos veículos,  “muitos usuários criticaram Milena pela atitude, insinuando que a ex-BBB não teria moral para corrigir erros gramaticais”. E o Bonner nessa história, que era quem tinha cometido o erro?
Bonner “explicou a gafe virtual dizendo que havia se enrolado com o celular e falou que não via diferença no fato dele ter se confundido ou ignorado ‘a grafia correta da primeira e da terceira pessoas do singular do pretérito imperfeito do verbo ser'”, e “aproveitou para defender a ex-BBB:
RT @realwbonner Aqui: não é legal menosprezar a capacidade de quem quer que seja porque participou de um programa de TV, concordam?”
RT @realwbonner O fato é que a @miela_fagundes chamou a atenção para meu erro. E defendeu a língua portuguesa de um atentado que cometi involuntariamente.
O fato é que além do preconceito, a hisória revela que há sim dois pesos e duas medidas na cobertura da imprensa do que acontece no Twitter. Vale lembrar a recente intolerância ao erro da Sacha depois que escreveu “cena” com ‘S’. A pergunta é, se o William pode, porque será que uma menina de 12 anos não pode errar e ser defendida por internautas?

Já tinha desistido do assunto, mas em uma rápida reunião de pauta com o Ricardo Campos, agora há pouco, ficou decidido que valia a pena trazer ao OBM o caso do erro de William Bonner – que escreveu no Twitter a palavra ia com acento agudo no i –  e correção da ex-BBB Milena Fagundes, que postou:

RT @milena_fagundes Ô, coisa linda, não faz uma coisa dessa, escrever ia com acento!

De modo geral, a imprensa destacou o assunto – foi capa do jornal Folha Online, por exemplo – de forma extremamente precoceituosa, como se fosse o maior dos absurdos o editor-chefe e apresentador do principal telejornal do país errar, e mais, ser corrigido por alguém que participou de um reality show famoso por revelar beldades aspirantes à fama e capas da Playboy.

A Folha Online resumiu nas entrelinhas, com sarcasmo e menosprezo, a vida profissional de Milena como se fosse relevante ou acrescentasse algo à notícia:

“Antes de entrar na edição deste ano do reality show, Milena era assessora de imprensa. Hoje, em sua biografia no Twitter, ela se define como publicitária, DJ, promotora de eventos e empresária”

O récem lançado portal R7 foi pelo mesmo caminho trazendo logo abaixo da manchete

Antes do reality, Milena era assessora de imprensa e hoje se define como publicitária”.

O portal “Famosidades”, que gera conteúdo para o MSN Entretenimento, subiu ainda mais o tom:

Ninguém menos [grifo nosso]do que Milena Fagundes, ex-participante do ‘Big Brother Brasil’, chamou atenção do jornalista para um erro de acentuação ele que cometeu na sua página no microblog”

No Eband,

“Por essa William Bonner não esperava (…)”

Como assim? O erro foi proposital e, de repente, ser corrigido por alguém que tenha saído de um reality show – ou quem quer que seja – gera surpresa?

Na mesma corrente e refletindo a tendência dos veículos,  “muitos usuários criticaram Milena pela atitude, insinuando que a ex-BBB não teria moral para corrigir erros gramaticais” (leia aqui e aqui) . E o Bonner nessa história toda?

Ele “explicou a gafe virtual dizendo que havia se enrolado com o celular e falou que não via diferença no fato dele ter se confundido ou ignorado ‘a grafia correta da primeira e da terceira pessoas do singular do pretérito imperfeito do verbo ser‘”, e “aproveitou para defender a ex-BBB” (Abril.com):

RT @realwbonner Aqui: não é legal menosprezar a capacidade de quem quer que seja porque participou de um programa de TV, concordam?”

RT @realwbonner O fato é que a @milena_fagundes chamou a atenção para meu erro. E defendeu a língua portuguesa de um atentado que cometi involuntariamente.

O fato vai além do preconceito. A história revela que há sim dois pesos e duas medidas na cobertura da imprensa do que acontece post a post no Twitter. Vale lembrar a recente intolerância ao erro da Sacha,  que escreveu “cena” com ‘S’. Algumas perguntas: se o William pode, por que  uma menina de 12 anos não pode? Pequenos deslizes ortográficos são mesmo pautas relevantes? Ou será que a história de que “errar é humano” já não se aplica a todos?

Quer salvar o mundo? Tome nota

07/10/2009

“Este ano, seu blog pode ajudar a enfrentar a ameaça mais urgente para o nosso planeta!”

Está feito o convite para o Blog Day Action 2009, que irá unir blogueiros de todo o mundo, no próximo dia 15, “em torno de uma questão de importância global”, leia-se mudanças climáticas. Assista ao vídeo promocional.

A intenção do movimento é anualmente unir todos os blogs do planeta em um só objetivo: que cada blogueiro escreva sobre um tema comum a todos, pautado por um assunto de importância global com o objetivo de estabelecer um “diálogo global” na Blogosfera por pelo menos um dia (…) o sucesso do Blog Action Day está justamente nas milhares de vozes e informações que enriquecem a discussão sobre o tema escolhido

Blog Day Action Brasil

A idéia é interessante, embora vazia por si só. A questão ambiental virou lobby desde que as pessoas perceberam que ser eco é sinônimo de ser cool. Vale de um tudo para entrar na ciranda, participar da dança e transparecer uma imagem que, na maioria das vezes, não corresponde à realidade… sim, chegou a hora de gerar posts durante um dia. Simples demais, não?

Consciência não estaria justamente um degrau acima desse oba oba todo? Bacana essa publicidade viral, mas as questões ambientais que geram alterações climáticas deveriam estar entre nossas principais preocupações, não só no discurso, mas também na prática. Está aí a grande diferença: um post não resolverá o problema. Ampliará a discussão? Talvez, desde que os assuntos ultrapassem a fronteira do “Olhem, eu faço parte disso“, e tomem viés de denúncias e mudança de comportamento. Mas dentro desse prisma, o que vale mais?  Postar um vídeo no blog ou reduzir o tempo no computador e assim poupar energia? Algumas palavras de incentivo à ação ou utilizar os transportes públicos? Ser apenas mais um que se preocupa ou ser um dos poucos que fazem algo efetivo pela causa?

Idéias mirabolantes ganham a web e adeptos “ambientalmente responsáveis” a todo instante. Quer ajudar a economizar pelo menos 12 litros de água por dia? A ONG SOS Mata Atlântica dá a dica: faça xixi no banho. Semp Toshiba e Dell prometem plantar uma árvore a cada laptop vendido. Que tal  com um click participar de “um programa de reflorestamento com espécies nativas da Mata Atlântica“? Há a opção de pesquisar no buscador eco4planet, que utiliza “predominante da cor preta para gerar economia de energia” e também planta árvores de acordo com o número de buscas realizadas nele. E se apagássemos todas as luzesdurante uma hora para demonstrar preocupação com o aquecimento global”? E não mesmo importante, dar um salto em hora e dia programados para mudar a inclinação do planeta ou não imprimir a segunda via do comprovante de compras à cartão?

Não parece tudo fácil demais para ainda estamos tão preocupados com El Niño, La Niña, derretimento das calotas polares ou desmatamento da Amazônia? Se isso de fato valesse para alguma coisa, não deveríamos pelo menos ter em vista soluções palpáveis para o problema? Por que então a cada dia que passa o cenário se torna mais irreversível, se pessoas estão pulando, postando, clicando e urinando no banho? Uma andorinha não faz verão e esse tipo de graveto está longe, bem longe de fazer o nosso ninho.

Treino é treino, jogo é jogo

05/10/2009

O mundo todo acompanhou. As olimpíadas em 2016 terão muito verde e amarelo, além de todas as outras cores estrangeiras que serão recebidas de braços abertos pela cidade maravilhosa.

Acho válida e necessária a discussão a respeito de tudo em que implica a realização de uma olimpíada. É justo que questionem e que  fiscalizem os caminhos percorridos pelas verbas públicas destinadas às obras. Concordo com a urgência dos investimentos em políticas públicas ligadas ao esporte, além das soluções em busca do controle e da diminuição da violência urbana no Rio, só para citar algumas demandas urgentes dentre outras tantas.

Mas tudo a seu tempo. Madrid já estava com cerca de 80% das obras prontas para as olimpíadas de 2016 e, ainda assim, não foi suficiente para garantir o direito de sediar o evento. O Brasil assumiu suas limitações, mas também o seu desejo ardente e emocionado.  Nem Obama, com seu discurso morno, foi capaz de mudar isso.

A imprensa então assumiu um discurso ufanista, quase um pecado para os críticos de plantão. O que eles queriam? Que abaixássemos a cabeça e engolíssemos a seco a vitória do Rio? Não há o que se comemorar já que as Olimpíadas só servirão para mostrar o quanto somos desorganizados e inferiores ao restante do mundo? Bobagem! Engulam eles os seus complexos.

Vencemos o primeiro jogo e treinaremos arduamente para a realização dos próximos. Agora é mesmo tempo de comemoração, tempo de se arrepiar ao ver nossa brasilidade no vídeo institucional do comitê Rio 2016. 

Que venham, todos embalados pelo samba do avião, sentir como nossa alma canta!